A falta de estacionamento é uma dor de cabeça para muitos automobilistas em Lisboa. A questão preocupa também autarcas. Mas resolver o problema pode, por vezes, criar maiores dores no futuro. É o que temem alguns habitantes da zona da encosta da Penha de França, onde a EMEL vai criar um parque de estacionamento de 99 lugares. As presidentes das juntas de freguesia de Arroios e da Penha de França consideram o projecto uma mais-valia. Porque, além do parqueamento, será também construída uma creche e um jardim, dizem.
Texto: Fernanda Ribeiro
A velha disputa entre o automóvel e o ambiente reacende-se com o projecto da EMEL de construção de um parque de estacionamento com 99 lugares numa zona arborizada da encosta da Penha de França, por alguns considerada “um pulmão” daquela zona da cidade. Há também quem veja o espaço da antiga quinta, que é propriedade municipal, como “uma lixeira” e se regozije com o projecto da EMEL, que, além do parque, vai construir ali também uma creche e um jardim.
É o caso de Margarida Martins, presidente da Junta de Freguesia de Arroios (PS), que apoia totalmente as obras a realizar e até já conseguiu encontrar um espaço alternativo, na sua freguesia, para instalar o pombal que Carlos Cardoso, um antigo autarca da Penha de França, mantém há décadas no interior da quinta – um espaço que, ao longo dos tempos, já foi alvo de muitos apetites imobiliários e acabou por ir parar às mãos da câmara, “através de uma permuta realizada ao tempo de João Soares com o construtor A. Santo”, segundo informações prestadas pelo antigo eleito.
Desde então, o vasto espaço tem estado ao abandono, ainda que, com o conhecimento da câmara, ali permaneçam o pombal de Carlos Cardoso e também um habitante, António Fernandes. Vive ali há cerca de um ano, sem que a câmara lhe cobre qualquer renda, como admitiu ao Corvo. Para ele, o local é “um paraíso, cheio de pássaros e árvores”. E acha que é uma pena que no lugar das árvores queiram pôr carros.
O mesmo não pensam as presidentes das juntas de Arroios e da Penha de França, ambas apoiantes da ideia da Empresa Mobilidade e Estacionamento e Lisboa (EMEL). “Aquilo agora é uma lixeira. E o projecto da EMEL é uma mais-valia, porque, além do estacionamento, vai ter também uma creche, um jardim e um café”, diz Margarida Martins ao Corvo.
“O parque de estacionamento desenvolve-se em duas plataformas, com entrada pela Rua Marques da Silva e saída na Rua Cidade de Cardiff”, acrescenta a autarca, segundo a qual não há razão para preocupações com o abate das árvores de grande porte existentes na quinta.
“Só algumas das árvores que lá estão é que saem”, garante Margarida Martins (PS), salientando que “várias irão permanecer e vão até tapar a zona de parqueamento”, servindo de cobertura aos automóveis, como sucede noutros parques da cidade.
Também Sofia Oliveira Dias (PS), a nova presidente da junta da Penha de França, destaca a mais-valia que constituirá o projecto da EMEL. A carência de estacionamento na freguesia é notória e resolver esse problema assume-se como a grande prioridade da junta, presidida há apenas dois meses por Sofia Oliveira Dias – substituindo no cargo Elisa Madureira, que renunciou em Outubro.
“Acho que a solução encontrada pela EMEL é equilibrada”, diz Sofia Dias, quando confrontada pelo Corvo com as preocupações de vários munícipes. “Pesando os interesses em presença, penso que é uma boa solução. Se referendássemos o projecto, as pessoas da freguesia, se calhar, até preferiam o parque de estacionamento às árvores”, sublinha a autarca.
No local, têm andado já técnicos a fazer prospecções geotécnicas e um levantamento topográfico. Mas o arranque das obras “ainda deve demorar um bocadinho, até porque também vai ser necessário fazer demolições”, diz a presidente da junta da Penha de França.
As demolições vão abranger não só as construções existentes no interior da Quinta da Encosta da Penha de França, onde em tempos funcionou uma carpintaria, como também de um ou dois prédios da Rua Marques da Silva, cujos habitantes foram já indemnizados e obrigados a sair.
O Corvo contactou a EMEL, solicitando esclarecimentos sobre este projecto, mas a única resposta que obteve, ao longo de duas semanas, apenas confirmou a intenção da empresa.
“A EMEL confirma a intenção de promover a construção de um parque de estacionamento no local indicado, para o que está a proceder a estudos geotécnicos e a um levantamento topográfico, a que se sucederá a demolição de uma antiga carpintaria da Câmara com acesso pela Rua Cidade de Cardiff”, diz um comunicado enviado pelo assessor de imprensa da EMEL, segundo o qual o projecto de execução ainda não está elaborado e a definição dos contornos da intervenção compete ao gabinete do vereador responsável pelo urbanismo, Manuel Salgado.
Também o Partido Ecologista Os Verdes (PEV) requereu, há cerca de três semanas, esclarecimentos à câmara, mas até à semana passada não conseguira ainda obter resposta às questões colocadas.
[O Corvo] Estacionamento ganha espaço em antiga quinta na encosta da Penha de França https://t.co/pLiNglVDWx #lisboa
Ok, ok, mas este projecto (elogiado por todos, aliás), de Nuno Almeida e Lília Coelho é que era: http://cidadanialx.blogspot.pt/2007/07/salvaguarda-da-encosta-da-penha-de.html
Portanto vamos tirar espaço verde e cimentar nem vale apena comentar quem ganhou a conceção os amigos da EMEL alguém anda a receber uma bela maquia na CML
“Pesando os interesses em presença, penso que é uma boa solução. Se referendássemos o projecto, as pessoas da freguesia, se calhar, até preferiam o parque de estacionamento às árvores”, sublinha a autarca.
Ou seja, Sofia Dias a autarca que enaltece a estupidez e a ignorância dos seus fregueses!