Lançada petição contra fim do actual traçado da Linha Amarela do metro de Lisboa
Ainda há quem tenha esperança no travar do que muitos consideram ser um erro tremendo. Desde que foi anunciado, há quase um ano, o projecto de criação da Linha Circular do Metropolitano de Lisboa, aproveitando troços das actuais linhas Amarela e Verde, não tem cessado de receber críticas por parte de vários quadrantes. Sejam de especialistas em transportes, grupos de utentes, autarcas ou partidos políticos, elas contestam sobretudo o facto de tal decisão implicar o corte do acesso directo ao centro da cidade dos passageiros vindos do Lumiar, Ameixoeira e Odivelas. Lamentando a obra, que se prevê venha a estar terminada em 2021, um cidadão lançou, esta semana, uma petição “contra o fim da actual linha Amarela do metro de Lisboa”. Em causa está o facto de os utentes passarem a ter de fazer transbordo no Campo Grande para acederem ao coração da capital.
A ideia da criação da Linha Circular, apresentada publicamente em 8 de Maio de 2017, surgiu no mesmo momento do anúncio da empreitada de ligação entre o Rato e o Cais do Sodré. A implementação desse novo traçado, que inclui ainda a construção das novas estações da Estrela e de Santos, far-se-á através da junção do troço entre o Campo Grande e o Rato, da actual Linha Amarela, com o troço entre o Cais do Sodré e o Campo Grande, da actual Linha Verde. O projecto obrigará ainda a obras para garantir a ligação da estação de Telheiras – hoje o término da Linha Verde – à Linha Amarela, da qual passará a ser a última estação para quem vem de Odivelas. Quando estiver terminada, a intervenção alterará de forma radical a configuração da rede, com os comboios da Linha Circular (Verde) a assumirem-se como veículos de distribuição de passageiros pelo sistema.
Uma opção fortemente criticada desde o momento em que foi anunciada, tendo sido tema de debate durante a campanha para a últimas eleições autárquicas, realizadas a 1 de Outubro de 2017. A oposição a tal solução conseguiu não apenas unir os partidos da esquerda (PCP e Bloco) e da direita (PSD) como vários especialistas em mobilidade. Todos alertaram para o facto de tal intervenção, além de mais uma vez esquecer a expansão da rede do Metro à zona ocidental de Lisboa, conduzir à interrupção da Linha Amarela. Isso mesmo lembra a petição agora lançada, referindo que “milhares de passageiros que hoje apanham o metro no concelho de Odivelas e na parte alta de Lisboa vão ser obrigados a mudar de linha no Campo Grande, para chegar a estações como o Rato, o Marquês de Pombal ou o Saldanha, no centro da capital, que transitam para a futura linha verde circular”.
Lembrando que a estação de metro de Odivelas, com 7.364.376 entradas e saídas de passageiros, foi a terceira mais movimentada da linha amarela em 2017 – ultrapassando mesmo a estação do Marquês de Pombal – a recolha de assinaturas questiona a opção que se pretende implementar. O texto recorda que, nos momentos de pico de utilização matinal, e por a Linha Amarela ter tanta utilização, muitas vezes nem os utentes da Quinta das Conchas e mesmo do Lumiar “não conseguem entrar nas carruagens por estas estarem completamente cheias”. E acrescenta: “Todos estes passageiros terão que sair obrigatoriamente no Campo Grande para trocar para a ‘nova Linha Verde’, que irá trazer já passageiros dentro das carruagens. “Será, obviamente impossível que todos consigam apanhar o primeiro metro que chegue”, assegura-se, antes de se concluir que, por isso, muitos terão de esperar pela composição seguinte. Tal levará, conclui-se no final da petição, muitos passem a escolher o automóvel como forma de chegar ao centro da capital.
Uma opinião partilhada, aliás, pelo presidente da Câmara Municipal de Odivelas. Na segunda-feira (19 de Março), Hugo Martins (PS) afirmou que a autarquia por si dirigida “tem razões objectivas e fundamentadas para reconhecer que o encurtamento da linha do Metro é uma visão errada”, acrescentando que o avanço de tal solução “iria retirar toda a atractividade e o interesse nesta linha”. Hugo Martins alertou para o facto de existir um grande conjunto de viaturas que agora ficam estacionadas ou junto ao metro de Odivelas ou no Senhor Roubado, mas que, se o referido projecto se concretizar, muitas passarão a deslocar-se para dentro de Lisboa. Por isso, o autarca defende que a melhor solução será a partilha da Linha Amarela com a Linha Circular (Verde).