Câmara de Lisboa prevê criar mais sete mil lugares de estacionamento até fim de 2017
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, prometeu, na tarde desta terça-feira (25 de outubro), a criação de mais 7.000 lugares de estacionamento automóvel na cidade, até ao final do presente mandato, que termina daqui a cerca de um ano. “Estes lugares mais que duplicarão a capacidade dos estacionamento e parqueamentos actualmente sob gestão da EMEL . Friso que não se trata do alargamento das áreas de interferência da EMEL, trata-se da criação de lugares de estacionamento”, afirmou o autarca, na sua intervenção inicial no debate anual sobre o estado da cidade, decorrido na Assembleia Municipal de Lisboa (AML).
“Este não é um programa futuro, já está a acontecer hoje”, disse, salientando que há já quatro novos parques em funcionamento: dois em São Vicente, um em Campo de Ourique e outro no Casal Vistoso. Medina explicou aos deputados municipais que os novos lugares serão de três tipos. “Será estacionamento, em primeiro lugar, para residentes, de acordo com a modalidade actual de utilização dos serviços da EMEL. Trata-se, em segundo lugar, de estacionamento para residentes através de parques com avenças reduzidas. Mas trata-se também da criação de parques junto a estações de metro ou hubs de transportes, para permitir uma utilização mais forte do transporte público. Estes parques estarão disponíveis a preço reduzido e simbólico para todos aqueles que sejam frequentadores do transporte público”, explanou.
O presidente da câmara da capital garantiu que, até ao final de 2016, estarão disponíveis mais 15 parques pela cidade, num total de 2000 lugares, distribuídos pelas freguesias de Alcântara, Alvalade, Areeiro, Belém, Campolide, Lumiar, Marvila, Santo António e São Domingos de Benfica. No primeiro trimestre de 2017, e ainda de acordo com o plano apresentado por Medina, surgirão mais 11 parqueamentos, distribuídos pelas freguesias de Areeiro, Campolide, Santa Clara, Belém, Lumiar, São Domingos de Benfica, Benfica, Penha de França e São Vicente. Por fim, nos segundo e terceiros trimestres do próximo ano, nascerão outros 11 parques de estacionamento. “Estabeleceremos todas as parcerias que pudermos com instituições para darmos uso, com rapidez, a lugares que não estão agora a ser utilizados”, detalhou o autarca.
Esta forma de resolver os problemas de estacionamento foi alvo de particular auto-congratulação por parte de Fernando Medina, que destacou o “carácter simples e criativo” da solução encontrada. “A nossa abordagem é muito prática e sensata. Olhamos para um espaço em que haverá um período previsível, durante uns anos, sem utilização, porque houve loteamentos que não avançaram ou certos projetos não progrediram. Então, decidimos utilizá-lo, recorrendo a uma solução económica, que melhora a qualidade de vida dos residentes na cidade e totalmente compatível com uma visão de sustentabilidade da cidade a médio prazo. Isto porque vai permitir mais qualidade de vida e mais oportunidades de escolha de mobilidade”, concretizou.
O anúncio levou a que, minutos depois, o deputado Ricardo Robles, do Bloco de Esquerda, ironizasse, apelidando Medina de “presidente da câmara recordista na criação de lugares de estacionamento em Lisboa”. Mas foi a comunista Natacha Amaro quem mais diretamente lançou dúvidas sobre a pertinência de tal plano de expansão dos parques de estacionamento, que, considera, “não dissuadirão as pessoas de trazer os automóveis para a cidade, apenas convidam as pessoas a trazê-los para o centro da cidade”. “Vamos ver a que preço”, afirmou, na sequência das suas críticas ao que considera ser a falta de uma aposta concreta na melhoria do sistema de transportes públicos. Um reparo também feito pelo deputado do PSD Sérgio Azevedo. Dirigindo-se a Medina, o eleito social-democrata criticou as “falhas na reposição das carreiras de eléctrico” e na criação de incentivos à utilização de meios de transporte mais amigos do ambiente.