Junta de Arroios pede reabilitação urgente das estações de metro da Almirante Reis

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Samuel Alemão

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Arroios

23 Junho, 2016


A visita ainda só ia no início e já Margarida Martins (PS), presidente da Junta de Freguesia de Arroios, se irritava. Pegando no braço de Maria Helena Campos, administradora do Metropolitano de Lisboa, e comentando a imensa sujidade junto às grelhas de ventilação, nos cais de embarque da estação de metro do Intendente, dizia-lhe: “Isto é como fazer a limpeza lá em casa. Todos fazemos limpezas e sabemos como é. Se for preciso, trazemos o Sonasol para ajudar. Como está, isto não é admissível”. A perene falta de salubridade daquela estação deverá ter os dias contados, mas a administração da empresa pública não se compromete com datas. As limitações orçamentais assim o ditam.

“O que nós queremos, mais que tudo, é que se faça a lavagem, a higienização e a pintura destas estações. Já há dois anos e meio que andamos a pedir à administração do Metro de Lisboa que nos dê resposta a estas questões, mas sem sucesso”, queixava-se a autarca de Arroios, perante os responsáveis da empresa, durante a visita dos deputados da comissão permanente responsável por assuntos de transportes e mobilidade da Assembleia Municipal de Lisboa, às estações da Linha Verde (Intendente, Anjos, Arroios e Areeiro), realizada ao início da tarde desta quarta-feira (22 de junho).

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A limpeza e requalificação estética das três primeiras estações – todas situadas na freguesia de Arroios e todas fundamentais à mobilidade de quem frequenta o eixo da Avenida Almirante Reis -, os impactos das obra de alargamento dos cais de Arroios e Areeiro, bem como a conclusão das obras e arranjos exteriores no Areeiro justificavam a visita – na qual esteve presente, no início, o presidente da empresa Transportes de Lisboa, Tiago Farias. Mas em pouco tempo se percebeu que a falta de manutenção e a obsolescência das estações do Intendente, Anjos e Arroios eram os assuntos que mais interesse e críticas suscitariam.

Tanto que as explicações de cariz histórico e de enquadramento sobre as estações, feitas por um arquitecto do Metro, deixaram impacientes Margarida Martins e o deputado João Valente (PS), ao ponto de atalharem caminho e pedirem logo ali resposta para questões que consideram “urgentes”. “Uma parte do acesso ao átrio sul da estação do Intendente está convertido numa casa de banho. Temos aqui uma questão de saúde pública e não sei se os senhores estão cientes disso. Esta estação está há 40 anos sem levar obras e isso é inaceitável”, denunciou João Valente, sem esquecer que um dos lanços das escadas rolantes de acesso ao átrio norte, recentemente reparadas, “estiveram sem funcionar meia-dúzia de anos”.

Margarida Martins aproveitou o embalo do colega de partido para, entre o ruído das composições que iam passando ora em direcção ao Cais do Sodré ora a Telheiras, lembrar a importância estratégica da Linha Verde para aquela parte da cidade, considerando, por isso, não ser aceitável o estado a que chegaram as estações de metro da Almirante Reis. “Quando assumi o cargo de presidente de junta, comprometi-me a dar uma visibilidade positiva a esta parte da cidade. Somos visitados, nesta freguesia, por mais de 300 mil pessoas por dia”, disse, exigindo respostas para o estado de degradação das estações.

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Sem se comprometer com datas, Maria Helena Campos, do conselho de administração do Metropolitano – Transportes de Lisboa, garantiu que “está a ser feito um esforço para seguir todos os planos de manutenção e há empenho para se chegar lá”. As três estações em causa serão alvo de intervenções de “modernização”, nomeadamente com a colocação de elevadores, mas a única para a qual existe um cronograma definido para a realização dos trabalhos é a de Arroios. Vai entrar em obras, a partir do segundo trimestre do próximo ano, e apenas deverá abrir portas, totalmente remodelada, no final de 2018.

O projecto de execução do alargamento do cais da estação de Arroios dos actuais 70 metros de extensão para os 105 encontra-se em fase de revisão. Com um duração de 16 meses, e um custo previsto de cinco milhões de euros, as obras garantirão o alargamento do cais através da conquista de espaço por baixo dos actuais átrios da estação. A intervenção será fundamental para acabar com o actual constrangimento de não se poder usar composições com seis carruagens na Linha Verde, uma vez que a estação de Arroios – tal como Areeiro antes de feita a ampliação do cais – não permite mais que quatro carruagens. Desde 2012, e por razões de poupança, as composições desta linha apenas circulam com três carruagens.

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A administradora do metro informou os deputados municipais que as obras do átrio norte da estação do Areeiro – por terminar há mais de três anos, devido a alegado incumprimento dos prazos contratuais por parte do empreiteiro – têm um novo projecto “praticamente concluído” e “deverão arrancar no primeiro trimestre do próximo ano”, tendo uma duração prevista de 10 meses. Estarão terminadas no final de 2017. Antes disso, porém, haverá lugar a arranjos do correspondente espaço exterior, que há muito se encontra numa situação desordenada. Decorrem negociações sobre esse assunto com a Câmara Municipal de Lisboa, explica o Metropolitano.

No início da visita dos deputados da Assembleia Municipal, Tiago Farias, o presidente da Transportes de Lisboa, reconheceu que “a Linha Verde é das mais importantes da rede” e que, por isso, a empresa está empenhada em melhorar as condições de funcionamento. Lembrando que as estações centrais da linha são das mais antigas do sistema, Tiago Farias salientou, porém, que “a maior parte já não cumpre os critérios, nomeadamente ao nível das acessibilidade para todos”, razão pela qual serão dotadas de elevadores. “Precisam de ser modernizadas”, reconheceu.

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