Moradores e Junta do Areeiro pedem reforço da segurança nas passadeiras mais perigosas da freguesia
O atravessamento pedonal de algumas das principais artérias daquela zona da cidade é considerado pouco seguro. Seja nas avenidas de Roma, João XXI ou Almirante Reis, a sensação de perigo é elevada, muito por culpa das velocidades atingidas pelos automóveis, mas também falta de cuidado dos peões. As estatísticas dos atropelamentos provam-no. Mas é a Avenida Manuel da Maia que suscita preocupações maiores. Tanto que a colocação de semáforos numa passadeira existente a meio daquele arruamento encabeça a lista de reivindicações de uma petição agora lançada pelo movimento Vizinhos do Areeiro. O presidente da Junta de Freguesia do Areeiro confessa também estar apreensivo, tanto que já pediu à Câmara de Lisboa (CML) que desnivele a passadeira, para obrigar ao abrandamentos dos carros. O autarca diz que a CML lhe garantiu que avançará com a obra em breve, quando ali se fizer uma ciclovia.
Um autêntico sufoco. Atravessar a passadeira instalada no troço da Avenida Manuel da Maia situado entre a Praça de Londres e o topo da Alameda Dom Afonso Henriques não é actividade que se realize de ânimo leve. A sensação de perigo está sempre presente para quem ousa fazê-lo, tal a velocidade a que se deslocam ali os automóveis, sobretudo no sentido ascendente, em direcção ao Instituto Superior Técnico (IST). Por isso, há quem ache que a melhor solução para garantir um módico de tranquilidade na circulação pedonal entre ambos os lados do arruamento passa pela colocação de semáforos naquele local. Essa é, aliás, a primeira da reivindicações de uma petição por mais segurança nas passadeiras da freguesia do Areeiro, lançada nos últimos dias, pelo agrupamento cívico Vizinhos do Areeiro. Mas a solução até poderá passar pelo alteamento dessa passagem, quando avançarem as obras de construção da ciclovia, previstas para breve, explica o presidente da junta a O Corvo.
“Aquele atravessamento é uma dor de cabeça, é perigosíssimo, recebemos imensas queixas das pessoas. Já há muito tempo que pedimos à Câmara de Lisboa uma solução para aquilo”, afirma Fernando Braancamp (PSD), presidente da Junta de Freguesia do Areeiro. E, no entender do autarca, a melhor forma de resolver de forma eficaz o problema passa pela sobrelevação da perigosa passadeira, obrigando os automóveis a abrandarem. Solução que a junta já terá indicado ao vereador da Mobilidade, Miguel Gaspar (PS), ser da sua preferência – algo que também tem defendido para as passadeiras da Avenida João XXI. “Eles disseram-nos que não valia a pena estar a fazer a obra já, quando dentro em breve, em Maio ou Junho, deverão arrancar os trabalhos de construção da ciclovia da Manuel da Maia. Comprometeram-se que com isso. Se chegar a essa altura, e não tiverem feito o que prometeram, vou ter de voltar a falar-lhes disto”, promete Braancamp, que se diz preparado para, em último caso, ser a própria junta a realizar a obra de elevação da passadeira. O perigo de um “acidente grave” é grande, considera.
Um diagnóstico coincidente com o que é feito por Rui Martins, responsável pelo movimento Vizinhos do Areeiro. Ao ponto de a situação da Avenida Manuel da Maia encabeçar a lista de prioridades da petição dirigida à Assembleia Municipal de Lisboa (AML) para que inste a Câmara de Lisboa a tomar medidas. Pede-se, por isso, a colocação de semáforos naquela artéria, identificada como local de atropelamentos e onde a circulação automóvel se faz, geralmente, a alta velocidade”. Solução, aliás, reivindicada também para a Avenida João XXI, especificamente para a passadeira identificada como estando no alinhamento da farmácia, “onde existem diversos registos de atropelamentos e outros incidentes naquele atravessamento”. No texto da recolha de assinaturas, explica-se que esta avenida, por ser larga e bem nivelada, se revela convidativa ao desrespeito dos automobilistas pelo limite máximo de velocidade de circulação. Situação a que se associará a falta de cautela de muitos peões no momento de atravessar.
Citando estatísticas oficiais referentes ao período compreendido entre 2010 e 2016, a petição do Vizinhos do Areeiro refere a ocorrência de 39 atropelamentos na Avenida de Roma e 29 na Avenida João XXI. Dados que ficam ainda mais ensombrados pelo impressionante número de 160 acidentes deste género, nesses seis anos, na Avenida Almirante Reis – embora Rui Martins saliente a O Corvo que, “muito possivelmente, a grande maioria desses atropelamentos terá ocorrido na parte pertencente à freguesia de Arroios”, que é onde a avenida tem a maior extensão. Estes alertas, salienta o dirigente do movimento cívico, juntam-se a outros já lançados pelo colectivo para que se garantam melhores condições de segurança pedonal. “Nos últimos tempos, em Lisboa, tem-se falado muito de mobilidade, apostando-se numa sobrevalorização das bicicletas e trotinetas. Mas, com isto, não se tem falado daquilo que é o mais importante, que é as pessoas andarem a pé”, diz.