Abrir a porta do carro é um perigo para os ciclistas em algumas ciclovias de Lisboa

ACTUALIDADE
Samuel Alemão

Texto

MOBILIDADE

Cidade de Lisboa

21 Fevereiro, 2017


A crescente comunidade ciclista de Lisboa vai-se deparando com um aumento gradual da rede de trajectos que lhe são dedicados. A construção de ciclovias na capital tem sido, todavia, alvo de críticas amiúde pela tipologia seguida, porque, em muitos casos, as mesmas resultam da supressão de áreas pedonais. Há ainda quem considere que tal opção é obsoleta, acabando por colocar as bicicletas em posição subalterna em relação ao ainda hegemónico automóvel. A solução, dizem tais críticos, deveria ser a criação de zonas partilhadas por ambos os meios de transporte, obrigando a uma acalmia do tráfego.

As ciclovias, por permitirem uma separação em relação ao trânsito motorizado, têm sido, porém, o local onde muitos se aventuram a dar as primeiras pedaladas pela cidade. O que não significa, no entanto, que aquelas sejam zonas totalmente seguras para os seus utentes. E nem sequer estão isentas de um contacto abrupto com um carro. A abertura inesperada das portas dos automóveis nos estacionamentos situados na longitudinal das ciclovias tem sido causa de alguns acidentes, sustos e conflitos – a somar à costumeira utilização indevida das referidas vias por peões.

Por isso, e confessando-se preocupados com a segurança dos utilizadores de tais troços, os deputados do Bloco de Esquerda (BE) e do Partido Pessoas Animais Natureza (PAN) na Assembleia Municipal de Lisboa (AML) pedem agora à Câmara Municipal de Lisboa (CML) que tome medidas para rever a segurança dessas vias.

Em duas recomendações distintas, a apreciar e votar pela AML na sessão desta terça-feira (21 de fevereiro), ambos os partidos colocam a questão das portas dos automóveis constituir uma ameaça à integridade física dos ciclistas. A recomendação do PAN – denominada “Por todos: Melhorar as condições de segurança das ciclovias” – pede à câmara que “sejam analisadas e avaliadas as soluções de ciclovias já implementadas”, “nos projectos e obras em curso, ou futuros projectos, se procure minimizar as situações de risco” e ainda que “sejam consultadas entidades especialistas na matéria para validação das soluções propostas”.

A do Bloco de Esquerda – intitulada “Pela segurança dos e das ciclistas que utilizam as ciclovias”- solicita à autarquia que “sejam estudadas e implementadas soluções técnicas que permitam garantir as melhores condições de segurança para os troços de ciclovia contíguos ao estacionamento de viaturas”. Fazendo menção às novas ciclovias abertas no Saldanha e nas Avenidas Nova, com a conclusão das obras de reabilitação do Eixo Central, os bloquistas dizem-se preocupados com os troços fronteiros ao estacionamento de viaturas. “É essencial garantir medidas de segurança de impeçam os ciclistas de serem atingidos por portas a abrir das viaturas que se encontram estacionadas, situação que pode causar acidentes graves”, dizem.

Abrir a porta do carro é um perigo para os ciclistas em algumas ciclovias de Lisboa

“Na Avenida Duque D’Ávila, por exemplo, existem troços da ciclovia que são contíguos à ciclovia, estando colocados pilaretes entre a ciclovia e os carros de modo a evitar estes acidentes. No entanto, na ciclovia agora disponibilizada nas Avenidas Novas, não existe qualquer protecção”, criticam, fundamentando assim a necessidade de serem estudadas e postas em prática soluções técnicas que permitam garantir as melhores condições de segurança em troços como esses.

Já o PAN, que se assume como crítico do modelo utilizado em Lisboa na construção das infra-estruturas para a circulação das bicicletas, salienta na sua recomendação que diversas ciclovias “foram construídas em passeios, retirando o espaço que pertencia aos peões, aumentando em simultâneo o risco de acidentes entre os ciclistas e os peões e sobre os passeios, aumentam paralelamente o perigo nos cruzamentos com as estradas”. “Por outro lado, verifica-se em alguns troços o risco de acidente no caso de abertura das portas das viaturas que estão estacionadas, pelo facto de a ciclovia se encontrar imediatamente ao lado do estacionamento”, diz o documento, antes de apelar à revisão da opção pela construção de ciclovias em passeios.

“Em alternativa ao modelo que tem sido seguido pela autarquia, é muitas vezes recomendada a criação de faixas de rodagem de velocidade reduzida (20 ou 30 kms/h), de partilha entre os ciclistas e os automóveis, por ser uma solução muito mais económica e mais segura para todos”, sublinha o PAN.

MAIS ACTUALIDADE

COMENTÁRIOS

O Corvo nasce da constatação de que cada vez se produz menos noticiário local. A crise da imprensa tem a ver com esse afastamento dos media relativamente às questões da cidadania quotidiana.

O Corvo pratica jornalismo independente e desvinculado de interesses particulares, sejam eles políticos, religiosos, comerciais ou de qualquer outro género.

Em paralelo, se as tecnologias cada vez mais o permitem, cada vez menos os cidadãos são chamados a pronunciar-se e a intervir na resolução dos problemas que enfrentam.

Gostaríamos de contar com a participação, o apoio e a crítica dos lisboetas que não se sentem indiferentes ao destino da sua cidade.

Samuel Alemão
s.alemao@ocorvo.pt
Director editorial e redacção

Daniel Toledo Monsonís
d.toledo@ocorvo.pt
Director executivo

Sofia Cristino
Redacção

Mário Cameira
Infografias & Fotografia

Paula Ferreira
Fotografía

Catarina Lente
Dep. gráfico & website

Lucas Muller
Redes e análises

ERC: 126586
(Entidade Reguladora Para a Comunicação Social)

O Corvinho do Sítio de Lisboa, Lda
NIF: 514555475
Rua do Loreto, 13, 1º Dto. Lisboa
infocorvo@gmail.com

Fala conosco!

Faça aqui a sua pesquisa

Send this to a friend