Quando estacionar um automóvel é mais importante que um Monumento Nacional

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Samuel Alemão

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O topo do Ascensor da Bica era, a meio da tarde desta terça-feira (12 de setembro), palco de uma inusitada cena, motivo de espanto para os passantes, sobretudo os muitos turistas que dali tiram fotografias a uma vista magnífica, com o aliciante de se observar o Tejo na linha do horizonte. Um automóvel particular estacionado no fim da linha, junto ao Largo do Calhariz, impedia o elevador, que, desde 1892, sobe e desce a Rua da Bica de Duarte Belo, de completar os últimos metros do seu percurso. Mas se tal não parecia incomodar o trabalho do guarda-freio, com os passageiros a entrarem e saírem do ascensor, a bizarria de tal quadro não deixava de suscitar comentários. E constituir-se como evidência da persistência, por parte de alguns automobilistas, de uma atitude de óbvio desprezo pelo espaço público.

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O Ascensor da Bica, que desde 1914 passou a utilizar um sistema eléctrico para o locomover desde a Rua de São Paulo – substituindo assim a tracção com motores a vapor –, foi classificado como Monumento Nacional em 2002 e aparece descrito no sítio oficial da Carris como “o ascensor com o roteiro mais pitoresco” dos três existentes em Lisboa. Razão, aliás, do sempre renovado interesse dos turistas. Que ontem eram obrigados a incluir aquele carro estacionado de forma ilegal no enquadramento das fotografias dali tiradas ou, em alternativa, a descer uns quantos metros para conseguir uma imagem expurgada do parasitário veículo. Um funcionário de uma empresa turística que ali se encontrava a distribuir panfletos promocionais disse a O Corvo que o automóvel seria de um morador. “Dá uma imagem um bocado estranha deste cenário, de facto”, comentou. A Rua da Bica de Duarte Belo foi mencionada, no início deste ano, em vários jornais, como sendo “a rua mais bonita do mundo”.

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