Restaurante Palmeira fecha portas

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Samuel Alemão

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Santa Maria Maior

23 Dezembro, 2015

Um percurso iniciado em 1954 termina nesta quarta-feira (23 de Dezembro), antevéspera de Natal de 2015. Mas com a casa cheia. O restaurante Palmeira, a funcionar na Rua do Crucifixo há quase 62 anos, deixa de servir refeições a partir de hoje. Não porque tenha falta de clientes, mas pelo facto de os novos donos deste antigo prédio municipal terem decidido que estava na hora de fazer obras. E de nos planos destes senhorios do velho imóvel, situado junto à saída da estação de metropolitano da Baixa, não haver lugar para aquela que é uma das mais icónicas casas comerciais daquela zona da cidade. Depois do jantar, fecham-se as portas de um restaurante onde trabalham nove pessoas.


 

“O prédio estava, de facto, a precisar de umas grandes obras desde a altura do incêndio do Chiado (25 de Agosto de 1988)”, reconhece Maria do Rosário Carapinha, 57 anos, num breve intervalo da costumeira azáfama da casa, feito de propósito para conversar com O Corvo. A filha do proprietário está a tomar conta da gestão do Palmeira desde que o seu pai, José de Almeida, faleceu, há nove anos. “Abrir noutro local está fora de questão, não faz sentido”, diz.

 

A partir do momento em que, em 1954, José de Almeida abriu a agora típica casa de pasto, sem outra pretensão que a de servir boa comida portuguesa a preços aceitáveis, o nome do estabelecimento foi-se afirmando. Sem alarido, imune a modas. E, com isso, foi ganhando clientes. Não só entre os habituais da Baixa, mas também entre os turistas. O passa-palavra fê-lo entrar nos guias especializados.

 

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A ida ao Palmeira fazia parte das rotinas de muita gente, mas a sua aparente perenidade, por si só, revela-se insuficiente para o salvar. “Tenho muita pena, mas não vai ser possível continuar”, diz, tentando esconder a emoção, Maria do Rosário, encostada a uma mesa do pequeno escritório, situado paredes-meias com o balcão metálico – onde, ontem ao princípio da tarde, havia quem tomasse uma imperial enquanto lia o jornal.

 

A sala do fundo estava cheia com gente que almoçava, e as reservas para o último dia são já muitas. Essa sala, por estranho que pareça, pertence a outro senhorio. Mas o facto de a parte da frente do restaurante estar integrada no prédio que a Câmara Municipal de Lisboa vendeu ao actual senhorio, no princípio deste ano, impede a continuação da actividade. Não há nada a fazer. Mesmo tendo clientes japoneses que, de tão apaixonados pelo sítio, enviam recordações.

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