Praça da Mouraria e nova mesquita avançam assim que terreno esteja livre

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Samuel Alemão

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URBANISMO

Santa Maria Maior

28 Janeiro, 2015


A construção da Praça da Mouraria, que assegurará a abertura de um espaço público entre a Rua da Palma e a Rua do Benformoso, e da nova mesquita que nela será edificada estão confirmadas, faltando apenas resolver a questão da disponibilização dos terrenos onde as mesmas se situarão. Para isso acontecer, terão de ser libertados e demolidos os edifícios que actualmente ocupam aquele espaço. A confirmação foi dada ao Corvo, na semana passada, pelo gabinete do vereador que tem o pelouro do Urbanismo, Manuel Salgado.

A construção dos novos espaço público e templo, cujo custo total deverá rondar os três milhões de euros – na sua maioria custeados pelo orçamento municipal -, aguarda há já dois anos para avançar. Em 31 de Janeiro de 2013, foi celebrado um protocolo entre o Município de Lisboa e o Centro Islâmico do Bangladesh – Mesquita Baitul Mukarram, para o acordo dos termos em que será instalada a mesquita. Um ano antes, a 25 de Janeiro de 2012, fora aprovado por unanimidade em reunião de câmara o estudo prévio de arquitectura da Praça da Mouraria, da autoria de Inês Lobo. É dela o projecto que aqui se reproduz.

“Está em curso o processo de libertação do terreno para dar início à concretização do projecto”, diz ao Corvo o gabinete do vereador Manuel Salgado, depois de questionado sobre o andamento do processo. Por responder ficaram, porém, as questões relacionadas com o financiamento e com os motivos pelos quais o projecto se arrasta há já um par de anos. Dúvidas que também não puderam ser esclarecidas junto do Centro Islâmico do Bangladesh – Mesquita Baitul Mukarram, uma vez que não se encontra no país o responsável máximo do espaço de culto que agora funciona no Beco de São Marçal, junto à Rua do Terreirinho.

Será, aliás, este templo que vai ocupar o edifício a construir, o qual funcionará como um centro cívico e cultural da comunidade muçulmana, numa zona da cidade onde existe uma grande concentração de crentes desta religião. “Trata-se portanto do realojamento de um equipamento já existente, onde se acrescentam outras valências importantes para a respetiva integração social desta comunidade, numa zona cuja história remete para a manutenção da presença islâmica na cidade após a reconquista cristã”, lê-se na proposta redigida pela câmara a justificar a edificação do templo.

No mesmo documento, que fazia a introdução ao estudo prévio de arquitectura aprovado em Janeiro de 2013, mas que serviu igualmente de resposta às questões agora feitas pelo Corvo, lê-se que o projeto da Praça da Mouraria – surgido “no quadro da intervenção de requalificação do espaço público da Mouraria” – nasceu após ter sido “identificada a necessidade de uma maior acessibilidade viária e pedonal da Rua do Benformoso, não só física mas também visual”.

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Conjunto de edifícios, na Rua da Palma, que vai abaixo para dar lugar à praça e à mesquita.

“O projeto da Praça da Mouraria prevê a criação de um espaço público e a construção de três blocos para instalação de atividades que permitam a sua fruição pública, com funções polivalentes, e a transferência de um espaço de culto – mesquita – já existente na Mouraria”, lê-se na proposta. O espaço público e o edifício surgirão no espaço aberto pela demolição do edificado entre os números 248 e 264 da Rua da Palma. Nas traseiras, na Rua do Benformoso, existe um pequeno espaço público provisório, recentemente resgatado à decadência pela Junta de Freguesia de Santa Maria Maior. Tanto este, como os edifícios confinantes, desaparecerão assim que a obra avance.

Ou seja, no terreno as coisas parecem estar mais ou menos como há quase dois anos, quando O Corvo noticiou a existência do projecto. E, tal como então, apenas foi possível obter o comentário de um responsável de um dos lotes afectados, a Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto (CPCCRD), que ocupa o 248 da Rua da Palma. “O processo não sofreu alterações que sejam do nosso conhecimento, não obstante nós, Confederação, colocarmos o problema em todos os contactos com a Câmara Municipal de Lisboa”, respondeu por e-mail, Fernando Vaz, 1º secretário da direcção. Nas outras fracções funcionam uma garagem e uma loja chinesa de vestuário.

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