Biblioteca de Benfica inaugurada até ao final do verão no renovado Palácio Baldaia
É uma das mais populosas freguesias da cidade de Lisboa, mas não tem uma biblioteca pública. Uma carência que, promete ao Corvo a presidente da Junta de Freguesia de Benfica, Inês Drummond (PS), deverá ficar suprida até ao final deste verão, com a entrada em funcionamento dessa e de outras valências no novo centro cultural que, nessa altura, entrará em funcionamento no velho Palácio Baldaia. Não será ainda a tão aguardada biblioteca municipal, prometida há anos, mas a sua entrada em funcionamento permitirá aos residentes usufruírem de um espaço cultural num edifício onde, até há pouco tempo, chovia no seu interior.
“Pressionámos muito a Câmara Municipal de Lisboa para que pudéssemos disponibilizar este fantástico edifício à população”, diz a autarca, na véspera do feriado de 25 de abril (terça-feira), dia da inauguração simbólica dos jardins do edifício do século XVIII, situado na Estrada de Benfica – e que haviam sido desvelados à população, a 1 de outubro, aquando das comemorações do Dia da Música. Para além da biblioteca, totalmente custeada pela junta, haverá ainda lugar para uma área de exposições e outras iniciativas culturais, um espaço de corwork com capacidade 16 postos de trabalho e uma cafetaria. Sob o mesmo tecto funcionarão também uma ludoteca e um espaço com conteúdo adaptados para alunos surdos.
A nova biblioteca virá dar resposta a uma carência evidente de Benfica nesta área. Apesar de a freguesia ter quase 37 mil habitantes e os seus estabelecimentos de ensino albergarem cerca de 16 mil alunos, os sucessivos planos para suprir tal falha teimam em não dar frutos. “Nunca tivemos uma biblioteca, nem um centro de exposições”, lamenta Inês Drummond, lembrando os esforços feitos, nesse sentido, junto da câmara. A autarca lembra que existe um compromisso, já com alguns anos, para a construção de tal equipamento, como contrapartida para a urbanização dos terrenos da antiga Fábrica Simões.
Mas esse processo encontra-se parado, desde o início da última crise financeira, impedindo, por isso, a prossecução da edificação da tão prometida biblioteca, a integrar na rede municipal. Por isso, o plano agora é que a nova biblioteca gerida pela junta de freguesia, a abrir no verão, funcione como provisória até à construção da definitiva. “Não deixaremos de ter uma palavra a dizer sobre o assunto, não nos vamos esquecer do compromisso existente”, garante a autarca, salientando, porém, a urgência de ter um centro cultural com tal funcionalidade, enquanto tarda em ser cumprido o prometido. “Não podemos esperar mais”, diz.
O acervo da biblioteca da Junta de Freguesia de Benfica, “feita inteiramente com verbas próprias”, será constituído com base numa doação de 10 mil livros do Diário de Notícias, noutra de sete mil exemplares do Instituto de Seguros e ainda das muitas ofertas feitas pela população. Os custos totais da reabilitação do Palácio Baldaia – onde viveu Dona Maria Joana Baldaia – e da sua entrada em funcionamento rondarão os 400 mil euros – 150 mil dos quais saídos de uma proposta vencedora do Orçamento Participativo de Lisboa de 2013. “Trata-se de um investimento muitíssimo grande para uma junta suportar sozinha”, considera a presidente da autarquia.
A recuperação integral do Palácio Baldaia, segundo cálculos da junta, custaria cerca de três milhões de euros. “Algo completamente impensável para nós”, diz Inês Drummond, que fala com orgulho na disponibilização à população da freguesia de um edifício “que é um ícone de referência na Estrada de Benfica”, mas que se encontrava “profundamente degradado” e, há quase um século, ocupado pelo Laboratório Nacional de Investigação Veterinária – entidade que, formalmente, ocupou o espaço até ao final de março.
As obras de conversão do Palácio Baldaia em centro cultural e biblioteca resultaram de um contrato de comodato estabelecido, em 2014, entre a Câmara Municipal de Lisboa e a Junta de Freguesia de Benfica. Isto depois de um protocolo assinado, nesse ano, pelo anterior presidente de câmara, António Costa, e a empresa de participações imobiliárias do Estado, Estamo S.A., que permitiu o enquadramento dos projectos imobiliários no Plano Director Municipal.