Alcântara, Belém e Ajuda irritadas por ficarem de fora da expansão do metro

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Samuel Alemão

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7 Outubro, 2016

O recente anúncio dos planos para a construção, dentro em breve, de mais duas estações da rede do metropolitano de Lisboa, em Santos e na Estrela, numa nova extensão ligando o Cais do Sodré e o Rato, deixou um travo amargo aos autarcas das freguesias de Alcântara, Belém e Ajuda. A, há muito aguardada, expansão do sistema de transporte para aquela área da cidade parece, mais uma vez, ter ficado na gaveta da administração central.

A situação estará a causar perplexidade junto dos eleitos pelas três juntas de freguesia da zona ocidental da capital, que poderão vir a tomar uma posição comum, na próxima semana. “Tínhamos esperança que, por o Governo ser, agora, da mesma cor política da câmara, houvesse uma maior sensibilidade. Mais uma vez, fomos esquecidos, continuamos a ser muito mal tratados. Estamos muito aborrecidos”, diz ao Corvo Fernando Ribeiro Rosa (PSD), presidente da junta de Belém.

“Até parece que Belém e a zona ocidental não fazem parte de Lisboa. Deveriam olhar para a cidade de forma homogénea, não continuar a esquecer uma área que já é tão mal servida de transportes”, critica o autarca social-democrata, expressando um descontentamento partilhado pelos seus congéneres socialistas de Alcântara, David Amado, e da Ajuda, José António Videira – que O Corvo tentou ouvir, tendo-se o primeiro escusado a comentar o assunto, por agora, e o segundo estado incontactável na tarde desta quinta-feira (6 de outubro). David Amado promete uma reação dentro de dias.


O único a assumir publicamente, neste momento, o sentimento de frustração é o autarca de Belém. “Já perdi a esperança de assistir, ainda em vida, à chegada do metro a esta parte de Lisboa. Talvez os nossos filhos ou netos tenham essa sorte”, diz Fernando Rosa, dando voz à sensação de profunda decepção pelo sempre adiado alargamento daquele meio de transporte à zona poente da capital. Mesmo que o mesmo esteja previsto, há décadas. A última versão conhecida do programa de expansão do metro, incluindo a zona ocidental de Lisboa, contemplava ligações ao pólo universitário da Ajuda e a Algés.

A certeza de que tais planos continuarão a não passar de sonhos longínquos foi dada por Tiago Farias, presidente da Transportes de Lisboa, na segunda-feira (3 de outubro), em entrevista ao PÚBLICO, quando assumiu que a prioridade do Metropolitano passaria por ligar as linhas amarela e verde, com o surgimento de estações na Estrela e Santos. Segundo o mesmo responsável, a decisão final caberá agora ao governo liderado por António Costa.

Uma realidade que, sabe O Corvo, deverá resultar, a breve prazo, numa reunião entre os três presidentes de junta e em eventual tomada de posição conjunta. A continuação da existência de bairros muito mal servidos pela rede de transportes públicos é um motivo de preocupação maior. “Existem zonas, sobretudo na Ajuda e Alcântara, muito isoladas. Este anúncio é uma desilusão”, diz um autarca desta zona eleito pelo PS.

Tiago Farias foi nomeado, pelo actual governo, no início deste ano, para a direcção dos Transportes de Lisboa – entidade que tutela o Metropolitano, a Carris e a Transtejo – e era o diretor de mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa.

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