A freguesia de Benfica tem finalmente uma biblioteca, mas esta ainda não é a definitiva

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Sofia Cristino

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CULTURA

Benfica

20 Fevereiro, 2018

O recém-inaugurado Palácio Baldaya já tem uma biblioteca, ambição antiga de uma das freguesias mais populosas de Lisboa. Ainda não é a prometida biblioteca municipal, mas ajuda a colmatar uma falha. O palacete conta agora, também, com um espaço de cowork (trabalho partilhado), dando uma oportunidade aos mais jovens de trabalharem na sua freguesia de residência. Os dois espaços foram inaugurados esta segunda-feira (19 de fevereiro) pelo presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina. Biblioteca e cowork acabam por constituir-se como motivos adicionais para visitar o Palácio Baldaya, que desde setembro, quando abriu portas após as obras de requalificação, tem tido sempre casa cheia. O que comprova a lacuna de um espaço deste género numa freguesia com uma elevada comunidade escolar, de 16 mil estudantes, e ainda 800 alunos séniores.

A freguesia de Benfica tem, finalmente, uma biblioteca, uma promessa adiada há décadas e uma clara lacuna de uma das mais populosas freguesias da cidade de Lisboa. O equipamento está instalado no Palácio Baldaya, recentemente recuperado pela Junta de Freguesia de Benfica. A presidente da autarquia, Inês Drummond (PS), , avança, contudo, em declarações a O Corvo, que continua a debater-se junto da Câmara Municipal de Lisboa (CML) pela construção de uma biblioteca municipal nas antigas instalações da Fábrica Simões.



“A criação de uma biblioteca é o concretizar de um sonho antigo. Tivemos sempre o mesmo problema no seu avanço: a falta de um espaço. Assim que soubemos que o Laboratório Nacional de Investigação Veterinária (LNIV) ia deixar de funcionar aqui propusemos logo à CML se podíamos salvar o palácio e instalar aqui a biblioteca”, explica. Admite, contudo, que o espaço agora aberto ainda não responde às verdadeiras necessidades da freguesia – as cujos habitantes se destina em exclusivo.

“Ainda não é aquilo que gostaríamos e ambicionávamos. No entanto, está muito além daquilo que sonhámos inicialmente para este espaço. Esta é uma biblioteca de bairro, um pequeno pólo cultural que traz muita gente, mas ainda não é uma biblioteca municipal”, confessa. “Vamo-nos debater junto da Câmara de Lisboa para que aquele espaço, que ficou reservado no âmbito da operação de loteamento da Fábrica Simões, para a criação de uma biblioteca possa vir, de facto, a ser uma biblioteca. É um grande objectivo da junta”, garantiu na cerimónia de inauguração, que decorreu na tarde desta segunda-feira, dia 19 de fevereiro.

A freguesia de Benfica tem quase 37 mil habitantes e uma densa comunidade escolar. Naquela zona, há quase 16 mil estudantes nos pólos politécnicos, nos agrupamentos de escolas e no ensino privado e, ainda, uma universidade sénior com mais de 800 alunos. Segundo Inês Drummond, tais números demonstram “claramente” a necessidade de criação de um espaço desta natureza. O acervo da biblioteca deverá ser constituído por 30 mil livros, resultantes sobretudo de duas grandes doações, do Diário de Notícias e de Sindicato dos Trabalhadores do Sector dos Seguros, mas também ainda de ofertas anónimas.

“Esta biblioteca veio colmatar uma falha que existia. Mais espaços tivéssemos neste palácio para poder albergar, mais projectos acolheríamos. Mas, neste momento, está a funcionar em pleno. Sentimos que havia uma grande procura do espaço ao domingo e fizemos um esforço acrescido para o ter aberto. As pessoas vivem muito este espaço”, explica Inês Drummond a O Corvo.

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Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, admite, também, que a biblioteca ainda não tem a dimensão que gostaria, mas que vai avaliar formas deste projecto crescer, não descartando a hipótese de a Fábrica Simões vir a albergar uma biblioteca municipal.

“Hoje, o palácio ganha dois novos espaços, um para os jovens criarem as suas empresas e os seus negócios e, outro, de cultura e de encontro da comunidade de Benfica. Por incrível que pareça, Benfica não tinha um espaço destes há décadas. A freguesia não tinha um espaço que fosse capaz de ser o ponto de encontro de várias gerações, crianças e idosos, aqueles que querem trabalhar e os que só querem conversar com os amigos. Continuamos a avaliar, também, a possibilidade de criar uma biblioteca municipal na Fábrica Simões”, explica.

O Palácio Baldaya passa a dispor, também, de um espaço de cowork para apoiar projectos em processo de incubação ou numa fase de desenvolvimento e consolidação da sua actividade. Este sítio de trabalho partilhado terá capacidade para 16 pessoas, com mensalidades que vão dos 25 euros aos 100 euros por pessoa.

“Há uma nova geração de jovens altamente qualificados, que viajam mais, que vão passar a desenvolver as suas empresas a partir daqui. Eles precisam de quem acredite neles e nós damos-lhes um espaço para que possam trabalhar e serem donos do seu próprio emprego. É preciso que todos os jovens tenham oportunidade de viver Benfica, de trabalhar aqui e fazerem a partir de Benfica a sua vida”, diz Fernando Medina.

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O edifício centenário, construído no final século XVIII como parte da Quinta do Desembargador, ganha, assim, uma nova vida e dá à freguesia de Benfica o centro cultural que há tanto esperava. Além das duas novas valências, que acabam de ser inauguradas, o Palácio Baldaya tem salas de exposições, uma ludoteca infantil, com capacidade para receber crianças surdas-mudas, e um núcleo de formação profissional. Conta, ainda, com um jardim requalificado e uma esplanada, sendo espaço de lazer para muitos habitantes da freguesia, nomeadamente idosos, que ali encontram uma forma de sair de casa e estarem acompanhados.

Durante a cerimónia de inauguração das duas novas valências do Palácio Baldaya foi, ainda, anunciada a construção de um lar de terceira idade. Fernando Medina disse que a CML já assinou um acordo com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e que a autarquia vai financiar integralmente a obra. O presidente da CML confessou que espera que este lar seja concluído ao longo deste mandato e que será o primeiro de oito lares a avançar. O de Benfica terá capacidade para 70 a 80 utentes.

“O lar é uma velha ambição de décadas da freguesia e já podemos dizer que a sua construção é uma realidade. Já assinamos um acordo com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para a criação de oito lares, com unidades de cuidados continuados, que se irão localizar na cidade, um dos quais será na Avenida General Morais Sarmento, ao lado do Centro de Saúde de Benfica. Vai ser o primeiro a avançar”, anuncia Medina.

O presidente da câmara reconhece, ainda, que a freguesia carece de muitas infra-estruturas colectivas. “Benfica é das freguesias mais importantes da cidade de Lisboa pela sua dimensão e tem falta de equipamentos colectivos. Queremos fazer vários projectos ao longo deste mandato, como uma requalificação em profundidade do mercado de Benfica, o maior mercado da cidade de Lisboa, mas também a construção de um lar para pessoas idosas com unidade de cuidados continuados. Espero conseguirmos, também, acrescentar mais espaço a este palácio”, conclui.

Neste momento, o Baldaya já tem frequentadores assíduos. “Acho muito importante o que fizeram aqui. Estou muito satisfeito, venho cá tomar café, assistir a concertos e utilizar os computadores, porque não tenho nenhum em casa”, confessou a O Corvo Joaquim Machado, 70 anos, habitante da freguesia.

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