A luta pela sobrevivência chegou à Avenida da Liberdade, onde a nova lei do arrendamento atinge agora um restaurante com mais de 20 anos: o Quebra-Mar. Até Setembro, terá de sair do prédio, tal como os outros inquilinos do velho edifício, cujo miolo será demolido. Um ano de renda é a indemnização que a lei lhes confere.
Texto: Fernanda Ribeiro Fotografia: Carla Rosado
O edifício número 73 da Avenida da Liberdade deverá este ano entrar em obras de remodelação profunda, que implicam a demolição do todo o miolo do imóvel. Apenas a fachada ficará de pé. O mesmo não se poderá dizer da cervejaria-restaurante Quebra-Mar, que ali funciona há mais de 20 anos e poderá não resistir. Os proprietários temem pelo futuro do restaurante e dos 18 empregados que ali trabalham, alguns deles com mais de 20 anos de casa.
Júlio Videira, que é um dos donos do restaurante, sente-se injustiçado.“Não há direito. Os proprietários meteram um projecto de demolição na câmara. Ele foi aprovado e, com a nova lei, agora dizem-nos. Toma lá um ano de renda e está a andar”.
“Nós, eu e o meu sócio, estamos aqui há 20 anos, mas antes isto já era um restaurante e há aqui empregados que têm 23 e 24 anos de casa. Quem é que vai agora ser responsável pelas indemnizações? Eu não tenho dinheiro para lhes pagar”, sublinha o dono do restaurante, que está disposto a lutar pelo Quebra-Mar em tribunal.
“Já tenho um advogado a tratar do assunto. Estamos em litígio com o senhorio. Os proprietários do prédio enviaram-nos uma carta, dizendo-nos que querem que deixemos isto limpo até Setembro, para as obras começarem. Não aceitámos e agora estamos à espera de resposta”, contou o dono do Quebra-Mar.
Além da cervejaria-restaurante, no mesmo edifício há outros arrendatários, entre eles a Dimofel, empresa de artigos electrónicos, com a qual O Corvo entrou em contacto, mas da firma não chegou qualquer resposta.
No 73 da Avenida da Liberdade há também consultórios médicos, entre eles o do dentista António Rodrigues, que está já à procura de novas instalações em Lisboa, como o próprio disse ao Corvo.
Em seu entender, o edifício está velho e a pedir obras de requalificação. Considerou também que o senhorio não está a fazer nada ilegal e tem a lei a seu favor, pois esta permite-lhe desocupar o edifício, alegando as obras profundas a realizar.
O Corvo contactou o representante do senhorio, o solicitador Jorge Pardal, com o objectivo de ouvir os proprietários do imóvel, mas não recebeu qualquer resposta.
Reabilitação de edifício da Avenida da Liberdade desaloja Restaurante Quebra-Mar http://t.co/qegOP83gbj
PARABENS,Começem o mais depressa as obras de requalificação.
A cidade e os LISBOETAS, agradecem.
Façam obras sim, mas lembrem-se de pessoas que trabalham, há mais de 30 anos na Av. da Liberdade, e vão sofrer com as injustiças da lei.
Quem ganha?
O senhorio, claro.
Quem ganha?
Todos os interessados, menos os empregados.