Investigação, Desenvolvimento e Inovação (I&D&I) em TIC
  Potencial Estratégico
  O carácter transversal das TIC (Tecnologias de Informação e das
  Comunicações), a sua influência na competitividade das empresas e o potencial
  de soluções que proporcionam na resposta às exigências e desafios emergentes
  da sociedade e da economia contemporâneas colocam a Investigação &
  Desenvolvimento (I&D) em TIC como um dos principais motores e fontes de
  Inovação.
  A Europa atribui um papel central à I&D em TIC, apostando no seu caráter
  horizontal e no seu potencial estratégico para responder aos desafios
  societais e sustentar a ambição europeia de liderança da Inovação a nível
  global (veja-se o papel reservado às TIC no Horizonte 2020).
  As TIC contribuem positivamente para as dinâmicas de afirmação e alargamento
  da base científica e tecnológica do Sistema Nacional de Inovação, potenciando
  o desempenho do nosso país na resposta às inúmeras oportunidades económicas e
  aos desafios societais que se nos colocam.
  Uma força para a Inovação
  As TIC, enquanto domínio científico e tecnológico e enquanto setor de
  atividade económica, constituem referência central na mobilização de recursos
  no sistema nacional de I&D e Inovação (FCT, 2013):
  - Cerca de um terço das despesas em I&D do país (32%, em 2009)
  concentra-se em apenas duas áreas TIC ("Engenharia eletrotécnica, eletrónica
  e informática" e "Ciências da computação e da informação"). A "Engenharia
  eletrotécnica, eletrónica e informática" é a área científica que mobiliza a
  maior fatia da despesa em I&D, seguida pelas "Ciências da computação e da
  informação" (respetivamente, 22% e 10% em 2009).
  
- Mais de metade das despesas em I&D em Portugal (56%, em 2009) visa
  objetivos socioeconómicos cuja concretização depende de forma crescente da
  integração e utilização das TIC enquanto recurso produtivo, tecnológico e
  cognitivo ("Promoção da Produtividade e das Tecnologias Industriais", 24%,
  "Transportes, Telecomunicações e outras Infraestruturas",19% e "Saúde", 13%)
  
- As empresas são atores-chave na mobilização de recursos para a I&D em
  TIC. Mais de metade da despesa empresarial de I&D é feita em áreas
  científicas TIC. Por outro lado, e na perspetiva do financiamento, as
  empresas dos sectores TIC financiam um terço do total das despesas de I&D
  deste sector.
  
  As áreas TIC estão entre as que mais contribuem para a produção científica e
  tecnológica em Portugal:
  - "Instrumentos e Instrumentação" e "Telecomunicações" figuram entre os
  domínios científicos e tecnológicos com maior taxa de crescimento médio anual
  em número de publicações, nos últimos 5 anos (respetivamente, 22% e 21%).
  
- "Engenharia eletrotécnica e eletrónica" é a 4.ª área entre as "Ciências
  da Engenharia e Tecnologias" no que concerne ao número de publicações
  reconhecidas internacionalmente entre 2005 e 2010, aparecendo nesse mesmo
  período como a principal área na produção científica das regiões (NUT 2)
  Lisboa e Centro, a segunda maior área na região "Norte" e a terceira na
  Madeira.
  
- Apesar da relativa fraca performance do país no que respeita à submissão
  de patentes, a área "Tecnologias da Informação" é a que apresenta maior
  intensidade de pedidos de patentes (via europeia) no período 2000-2008, cerca
  do dobro da segunda maior área.
  
  As TIC constituem uma vantagem competitiva do sistema nacional de Inovação na
  medida em que as equipas de I&D portuguesas que participaram nos projetos
  TIC do 7.º Programa-Quadro de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico da
  União Europeia (7.º PQ IDT) têm uma média de financiamento atribuído que
  ultrapassa ou está na média europeia do financiamento atribuído, nos
  seguintes temas:
  - Internet e Redes do Futuro;
  
- Robótica e sistemas cognitivos;
  
- TIC de confiança, seguras e fiáveis;
  
- TIC para a eficiência energética;
  
- TIC para as empresas;
  
- Bibliotecas Digitais;
  
- TIC para a Saúde;
  
- Sistemas integrados;
  
- TIC para os transportes;
  
- Internet das Coisas.
  
  Atendendo ao rigor dos critérios de elegibilidade nos PQ da U.E. que
  valorizam a qualidade científica (sancionada pela avaliação "entre pares" e
  de outros "stakeholders" relevantes, como por exemplo, as empresas), pode
  considerar-se que a atribuição de financiamentos próximos ou acima da média
  U.E. constitui reconhecimento por parte dos decisores europeus (ator central
  no processo de decisão sobre o futuro da I&D e Inovação na Europa) sobre
  a qualidade dos projetos e equipas envolvidas no futuro da IDT e Inovação na
  Europa.
  Infraestruturas eletrónicas
  As Infraestruturas eletrónicas para Ciência e Tecnologia (C&T) são um
  recurso com influência e relevância crescentes em Portugal. São hoje um vetor
  de transformação do sistema de I&D e Inovação nacional na medida em que
  facilitam a colaboração e a inserção das equipas nacionais nas redes mundiais
  e possibilitam o acesso, processamento e tratamento de volumes de informação
  científica sem precedentes, em tempos cada vez mais curtos, com recurso a
  plataformas computacionais potentes de última geração. Neste contexto,
  destaca-se:
  - A universalização da cobertura da rede nacional de investigação e ensino
  (RCTS - Rede Ciência, Tecnologia e Sociedade) e o fortalecimento da conexão
  internacional do país (a largura de banda disponível é neste momento de 20
  Gb/s, conetividade adquirida pela adesão à Rede Europeia de Investigação e
  Ensino, GÉANT)
  
- A Iniciativa Nacional GRID (INGRID) - que coordena e mantém uma
  infraestrutura de computação distribuída para aplicações científicas, baseada
  numa rede de recursos computacionais em "grelha" - atingiu níveis de
  cobertura universal e reforçou a sua integração internacional
  
- O aumento considerável da disponibilidade e da utilização de publicações
  científicas de acesso livre, bem como do número, da cobertura e da oferta de
  repositórios institucionais de informação científica (respetivamente, a
  partir da implementação da "b-on – Biblioteca do Conhecimento Online" e do
  "RCAAP – Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal").
  
  Desafios e visão de futuro
  A "Agenda Digital para a Europa", instrumento político europeu que define o
  papel das TIC para a concretização da visão expressa pela "Estratégia Europa
  2020", preconiza o reforço da capacidade científica e tecnológica europeia
  nas TIC como uma das linhas de afirmação da Europa a nível global. A
  "Estratégia Europeia para o Mercado Único Digital" veio complementar e
  consolidar este quadro político.
  A "Agenda Portugal Digital" transpõe as ambições europeias para o contexto
  nacional, sintetizando os principais desafios para o futuro da I&D e
  Inovação em TIC em Portugal.
  O futuro da I&D e Inovação em TIC em Portugal passará sobretudo pela
  nossa capacidade para alavancar o potencial identificado (instalado e/ou
  emergente), não se antevendo que, para tal, se possam evitar as questões que
  se seguem:
  - articulação e concertação de políticas e instrumentos de apoio/incentivo;
  
- intensificação da relação entre centros de produção de conhecimento
  científico e tecnológico e empresas;
  
- afirmação e crescimento (em dimensão e no mercado) das empresas
  portuguesas com visão e vocação global (com particular atenção às start-ups);
  
- promoção da liderança internacional das equipas de I&D portuguesas em
  áreas onde a sua capacidade e qualidade são reconhecidas;
  
- capacidade em acompanhar e digerir os "saltos" disruptivos proporcionados
  pelas TIC.
  
  O sucesso da nossa resposta implica uma visão para o futuro onde as TIC são
  uma variável fundamental e incontornável para o desenvolvimento da sociedade
  e da economia e ainda para a afirmação da língua portuguesa e de Portugal no
  mundo, quer pelo processamento computacional da língua portuguesa, quer pela
  disseminação e disponibilização de documentos em língua portuguesa na web.
  A FCT, por via da actividade do DSI, assegura a coordenação da linha de acção
  sobre "Investimento em Investigação e Desenvolvimento (I&D) e Inovação"
  da "Agenda Portugal Digital" que assume o objetivo estratégico de aumentar o
  financiamento público direto à I&D em TIC em 10% até 2020 e que se
  constitui como o enquadramento necessário para:
  - Mobilizar e articular diferentes fontes e instrumentos de financiamento
  para a I&D e Inovação em TIC;
  
- Fortalecer a internacionalização do sistema português de I&D em TIC,
  aproveitando as oportunidades presentes nos programas quadro da U.E. e o
  contexto de outros programas de natureza transnacional e/ou bilateral;
  
- Qualificar a comunidade científica com competências avançadas, de forma a
  potenciar as oportunidades que surgem no contexto da "Economia Digital";
  
- Promover a Inovação com base no conhecimento científico e tecnológico TIC
  (criar/extrair benefício social do novo conhecimento e das tecnologias
  emergentes - Redes de Nova Geração, Redes de sensores, Internet do Futuro,
  Internet das Coisas, "Cloud Computing", Sistemas de energia e transporte
  inteligentes, Ambientes Inteligentes/AAL, Robótica e conteúdos digitais
  interativos;
  
- Apoiar a difusão de novas aplicações TIC para cidades inteligentes,
  transportes e logística, "green energy", comércio eletrónico, administração
  pública, a aprendizagem em linha, infoinclusão, saúde, cultura, entre outras
  dimensões societais);
  
- Promover infraestruturas eletrónicas que visem conhecer e apoiar
  atividades de I&D;
  
- Utilizar e promover as potencialidades das TIC enquanto sistema de
  recursos tecnológicos facilitador do acesso, reutilização e difusão do
  conhecimento científico e tecnológico;
  
- Promover um serviço de observação do mar e da atmosfera, como componentes
  da observação da Terra (TIC Marítimas).
  
  A actividade prevista no contexto desta linha de ação é enquadrada por três
  medidas, inscritas na Resolução de Conselhos de Ministros 22/2015:
  - Medida 2.1 - Reforço do potencial em I&D e promoção da Inovação em
  TIC;
  
- Medida 2.2 - E-Ciência, Infraestruturas e Acesso Aberto;
  
- Medida 2.3 - TIC marítimas.
  
  O DSI reforça a sua acção na área da I&D&I em e com TIC, procurando
  constituir instrumentos de informação para apoio à decisão política baseados
  na evidência. A actividade do DSI a este nível concentra recursos nas
  seguintes ações:
  - 
    Mapeamento das I&D e Inovação em TIC em
    Portugal – um projeto que procura melhorar o conhecimento sobre os
    principais atores da actividade de I&D e Inovação em TIC realizada em
    Portugal (Equipas de I&D e Investigadores), ao mesmo tempo que se
    propõe constituir uma rede informal onde o decisor político e os
    executantes da I&D possam interagir de forma mais aberta e imediata;
  
- Produção de Indicadores sobre e-Ciência que constituem um capítulos da
  publicação SIP-Sociedade da
  Informação em Portugal(uma compilação de dados estatísticos exaustiva
  sobre a Sociedade da Informação, iniciada na UMIC e, atualmente, coordenada
  pela DGEEC).
  
  A actividade do DSI na área da I&D&I integra ainda acções de
  preparação e implementação de instrumentos de política na área do Acesso
  Aberto (Open Access). Neste contexto, o DSI coordena o grupo de trabalho
  multi-departamental para preparação e implementação das Políticas da FCT
  sobre o Acesso Aberto, que levaram à aprovação e publicação (no site da FCT)
  das Políticas da FCT sobre o Acesso Aberto a publicações de resultados de
  projetos de I&D e sobre a disponibilização de dados e outros resultados
  de projetos de I&D. Atualmente, este grupo dedica-se ao desenvolvimento
  dos mecanismos de implementação daquelas Políticas.