IV. Internacionalização do Setor TIC e Captação de Investimento Direto Estrangeiro
As TIC são entendidas como elemento estratégico fundamental para a economia nacional, assegurando simultaneamente a competitividade das empresas portuguesas e a capacidade do País enquanto destino atrativo de investimento.
A aposta na internacionalização e na captação de investimento, a par com a formação tecnológica, I&D e qualificação dos recursos humanos - assente na sistematização de aprendizagens com componente digital, consolidadas pela colaboração entre instituições do ensino superior mediante o estabelecimento de consórcios - são o fio condutor da atividade da Economia Digital nos próximos anos.
Nesta medida, os objetivos estratégicos identificados para este Eixo estarão alinhados com as iniciativas do Horizonte 2020 (orientado para a inovação e investigação) e com a Agenda Portugal Digital (direcionada para PME), em que se prevê um reforço significativo de instrumentos de financiamento para a internacionalização do setor, e aos quais se acresce, ainda, uma componente destinada:
- A reforçar o papel de Portugal como plataforma de nearshore em serviços de telecomunicações, software e serviços de TI e centros de serviços partilhados;
- A reforçar o papel de Portugal na oferta competitiva de indústrias criativas na área do entretenimento digital.
O setor inclui 11.599 empresas e emprega 79.926 trabalhadores. Em 2012, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística, o volume de negócios foi de 13,2 mil milhões de euros. De acordo com os dados do Banco de Portugal, em 2014 as exportações de serviços TIC totalizaram 1.054,8 milhões de euros, o que representa um crescimento de 6.8% face ao ano anterior (989,4 milhões de euros).
Existem 1.927 empresas exportadoras. A maioria das empresas são PME, sendo 96% de base nacional. As telecomunicações representam 49% do volume de negócios e a consultoria e programação são as atividades com maior número de empresas (64%). As grandes empresas representam metade do volume de negócios do setor (6.420 milhões euros). Só 3% das empresas exportaram acima de 1 milhão de euros.
De acordo com o World Economic Forum, Portugal passou da 51ª para a 36ª economia mais competitiva do mundo no Global Competitive Index 2014/2015 e, de acordo com a Gartner, está na 7ª posição do Leading Offshore Services Locations de 2014 para serviços de base tecnológica na Europa, Médio Oriente e África. Na área dos Business Services e I&D, o EY’s atractiveness survey Portugal 2014 identifica 46 novos projetos de investimento estrangeiro em Portugal, em 2012 e 38 em 2013, com origem na Alemanha, Espanha, França, Estados Unidos da América (EUA), Reino Unido e Brasil. Existem já mais de 100 Centros de Serviços de base tecnológica em Portugal, que operam para um número vasto de mercados na Europa, Angola, EUA e Canadá, de acordo com um inquérito recente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal.
A componente internacional dos negócios tem seguramente um peso relevante para todas estas empresas, dadas as caraterísticas e dimensão do mercado nacional. Os investidores olham para Portugal como um destino atrativo e uma plataforma para outras geografias em que Portugal assume um lugar estratégico.
As empresas tecnológicas nacionais vão continuar a internacionalizar-se para ganhar escala e as empresas internacionais baseadas em Portugal vão continuar a procurar novas fontes de receita para além do mercado interno.
Objetivos e linhas de ação
No seguimento do enquadramento no contexto nacional, em termos de Internacionalização do setor TIC e captação de investimento estrangeiro, definem-se os seguintes grandes objetivos específicos e respetivas linhas de ação:
- Apoiar a internacionalização de empresas portuguesas de base tecnológica ou com oferta externa de TIC;
- Facilitar a atração de investimento para Portugal em centros geradores de emprego tecnológico (serviços às empresas, entretenimento digital, aplicações para utilizadores etc.);
- Suportar as empresas tecnológicas portuguesas na retenção de talento de empresas através do desenvolvimento de competências digitais;
- Apoiar o desenvolvimento e expansão dos centros geradores de emprego digital presentes em Portugal;
- Atrair cidadãos da Diáspora Portuguesa para retornar a Portugal para desenvolver empresas do setor TIC, bem como atrair indivíduos adequadamente qualificados e experientes de outros países.