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Divulgação de Ciência e Tecnologia

23 Dezembro 2011

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Arquivo histórico da FCT

"Os países mais desenvolvidos são os que têm melhores arquivos"

Por José Mattoso

A criação do ARQUIVO HISTÓRICO DA FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA representa um acontecimento muito significativo no panorama do desenvolvimento científico em Portugal. Por três razões principais: (i) preserva a memória das acções realizadas no sector mais avançado do país em matéria de aquisição do conhecimento; (ii) disponibiliza essa memória como base da avaliação das aquisições científicas e da política científica nacional, fomentando, assim, a valorização dos progressos alcançados, a acumulação do saber e a continuidade do desenvolvimento; (iii) combate a esterilização dos avanços anteriormente obtidos no plano científico em virtude do seu desconhecimento; (iv) contribui para colocar Portugal no conjunto dos países mais desenvolvidos da comunidade internacional.

Ao criar novas condições para a preservação da memória num sector fundamental do saber, o Arquivo Histórico da Fundação para a Ciência e a Tecnologia torna-se também indício de uma alteração positiva no vasto panorama da mentalidade e da hierarquia de valores culturais dominantes na sociedade portuguesa. Com efeito, o estado dos arquivos públicos é um dos indícios mais claros do desenvolvimento científico de um país. Os países mais desenvolvidos são os que têm melhores arquivos.

Devido a um complexo conjunto de factores, verificava-se até há pouco tempo, em Portugal, uma marcada tendência para a descontinuidade da produção cultural nas suas mais diferentes manifestações. A debilidade das instituições científicas, um protagonismo inversamente proporcional ao efectivo valor científico dos seus actores, o «complexo de inferioridade» cultural resultante da comparação do nível da produção nacional com a produção dos países mais avançados da Europa, o reduzido investimento financeiro consagrado ao sector cultural no conjunto da economia nacional, a preferência por projectos de curto prazo em vez de acções solidamente programadas e sustentadas, e outros fenómenos do mesmo género, tiveram como efeito, na área dos arquivos, a negligência na conservação, disponibilização e valorização da documentação escrita e não escrita, como memória e como fonte de informação.

A inauguração do Arquivo Histórico para a Ciência e a Tecnologia e a garantia de acesso imediato para a parte do seu acervo documental já tratada arquivisticamente são indícios prometedores de um verdadeiro desenvolvimento científico em Portugal.

A coordenação dos trabalhos de inventariação e classificação verificada, neste caso, entre o AHFCT, o Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa (IHC-FCSH/UNL) o Instituto dos Arquivos Nacionais e a Fundação Mário Soares, e ainda a abertura ao depósito de fundos documentais privados, constituem, também, indícios muito positivos de um desenvolvimento científico notável.

Convém também assinalar a decidida opção pela aplicação das normas e orientações preconizadas nas ISAD(G) e pela normalização da descrição arquivística em aplicação informática normalizada DigitArq, o que permite a plena inserção do AHFCT na rede nacional de arquivos. Espera-se que o desenvolvimento científico de que a criação do AHFCT é testemunho se torne cada vez mais efectivo e abrangente.