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Divulgação de Ciência e Tecnologia

22 Maio 2012

1/2012

Ciência 2012: FCT convida investigadores a refletir sobre futuro do setor

Excelência e dinamismo são palavras-chave no novo modelo que se quer para a Ciência em Portugal. Excelência de pessoas e instituições, dinamismo na procura de financiamentos europeus ou privados à investigação, em alternativa aos tradicionais fundos públicos.

É uma verdadeira “mudança de paradigma”, reconheceu Miguel Seabra, presidente da FCT, no âmbito da Conferência “Portugal - Caminhos de Excelência em Ciência e Tecnologia”, realizada no passado dia 24 de abril na Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), em Lisboa. Neste encontro participaram mais de meio milhar de representantes da comunidade científica, dispersos entre um auditório lotado e duas salas anexas com transmissão vídeo em simultâneo.

“Por cada euro que os cientistas conseguirem obter junto de instituições europeias ou empresas, um euro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) será poupado e poderá ser investido”, explicitou o responsável daquela que é a principal entidade estatal financiadora do Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN).

[Foto] Pedro Passos Coelho no arranque do Ciência 2012 — © Vitor Pires
© Foto de Vitor Pires

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, abriu este encontro, que contou também com a presença do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, e da secretária de Estado da Ciência, Leonor Parreira. Saudando o mérito de uma iniciativa dedicada ao Conhecimento, começou por declarar a “grande confiança” que deposita nos investigadores portugueses.

“A economia portuguesa precisa de inovação”, notou, referindo ser necessário aproximar “o laboratório da empresa e a empresa do laboratório”. Sob o mesmo desígnio, o do desenvolvimento, Passos Coelho anunciou o lançamento de um Programa de Investigação Aplicada e Transferência de Tecnologia para o Setor Empresarial.

Por seu lado, a governante com a tutela da Ciência defendeu uma clara aposta na transferência de Ciência e Tecnologia para o tecido produtivo, em colaboração com o Ministério da Economia. Reforçando o foco “na excelência de pessoas e instituições”, anunciou a “continuidade na cooperação com organizações internacionais” e apelou à procura de fontes de financiamento alternativas à FCT.

Mais tarde, em declarações aos jornalistas, especificou que existem verbas europeias destinadas à Ciência, de valor significativo, que Portugal deve saber captar a seu favor, nomeadamente ainda no âmbito do atual quadro comunitário de apoio, o FP7 (que termina em 2013).

[Foto] Pedro Passos Coelho e Nuno Crato — © Vitor Pires
© Foto de Vitor Pires

Assim, no período difícil que o país atravessa, o papel da FCT poderá passar por apoiar e incentivar os investigadores a ser mais ativos na captação de outros fundos disponíveis, reforçou Miguel Seabra. E fazê-lo como? Através de novos mecanismos que exigem de todos uma profunda reflexão, pormenorizou, apelando à comunidade para participar neste “diálogo aberto”, através do endereço ciencia2012.fct.pt.

Nas palavras do presidente da FCT, chegou o momento de assumir uma nova “forma de estar”, em que o conceito de “excelência” adquire um significado estratégico, independentemente da dimensão das instituições. O ónus passa a ser colocado nas pessoas, neste caso nos investigadores, que assumem uma maior centralidade no processo, e por consequência, também uma maior responsabilidade.

Entre as medidas que visam consubstanciar esta “mudança de paradigma” salientam-se, para já, o lançamento da carreira “Investigador FCT”, nos termos de um concurso que arrancou já este ano com a disponibilização de 80 lugares, e que terá continuidade, tendo sido pensado para criar a prazo um corpo estável de cerca de 1000 investigadores de excelência, os “melhores dos melhores”.

Outra novidade anunciada consiste na abertura em 2013-2014 de um concurso de Programas Doutorais, que passará a funcionar em complemento à tradicional atribuição de bolsas individuais destinadas a cursos de doutoramento.

No seu conjunto, esta abordagem renovada sobre políticas de apoio à Ciência e à Tecnologia só é possível tendo em conta a “elevadíssima qualidade” da Ciência que se faz em Portugal, justificou o responsável da FCT. Na mesma linha pronunciou-se Leonor Parreira, sublinhando que a evolução da Ciência e da Tecnologia nas últimas décadas em Portugal constitui “um exemplo de sucesso sustentado no país”.

O caminho percorrido não apenas constitui motivo de orgulho, como nos permite encarar o futuro com otimismo e confiança. Significa que “podemos e devemos dar passos em frente”, declarou por sua vez o ministro Nuno Crato, notando que uma “política de ciência é sempre uma política para o futuro”.

Trabalho e conhecimento, eis sem dúvida a fórmula que nos permitirá sair da crise, realçou o ministro da Educação e Ciência, acrescentando: “sabemos que ainda há muito por fazer, sobretudo quando nos comparamos com os líderes mundiais; mas não devemos ter medo nem da internacionalização, nem da competitividade”.

[Foto] Nuno Crato e Leonor Parreira e Pedro Passos Coelho com Miguel Seabra — © Vitor Pires
© Foto de Vitor Pires

“Estamos certos que os nossos investigadores estão à altura deste desafio”, concluiu o governante no discurso de encerramento desta jornada, convocada por um lado para apelar à participação da comunidade científica na definição de novos rumos, e por outro para prestar “justa homenagem” aos investigadores “que se têm destacado pela conquista de prémios de mérito científico em concursos internacionais altamente competitivos”.

Miguel Soares, Nuno Santos, Bruno Silva-Santos, Luís O. Silva, Rita Marquilhas, Hélder Maiato, Paulo Marques, Amadeu Soares (em representação de Ana Lilebo) e Rui Neves-Silva integraram o painel de cientistas de diversas áreas do Conhecimento que expuseram os seus projetos nesta Conferência.

O evento contou ainda com uma palestra a cargo de Arnold Munnich, geneticista pediátrico que relatou aos presentes as principais linhas da mais recente reforma do Sistema Científico e Tecnológico levada a efeito em França.

Várias das intervenções no “Ciência 2012” estão disponíveis para consulta online.